domingo, 21 de dezembro de 2008

Viagens


As paredes ficam pretas, o mundo fecha-me as cortinas, as luzes apagam-se . Adormeci ! Ou talvez, morrido. Nao sei onde me encontro, nao sei onde estou. Reparo que choro , porque ouço o barulho das lagrimas a baterem num objecto oco, duro e triste. Foi como um mergulho profundo na escuridão, perdi as chaves do meu mundo e já não tenho forças para abrir as cortinas . Já não é altura de brilhar, já não sinto o passar do tempo , nem sei por onde caminho. Sinto um sabor molhado a tocar-me nos lábios, são gotas sem sabor , gotas de tristeza e precisão . O meu cabelo está molhado presumo que a chuva se esteja a soltar no ar, o vento leva-me o cabelo a voar, mas ele já não se solta do mesmo jeito. Sinto as mãos frias e já não sinto os pés. Os meus olhos fecharam , e tudo o que vejo é o preto, apenas a cor predominante da dor. Sinto que perdi muita coisa, que perdi muita cor, e muita força. O mar está perto de mim, consigo escutar as ondas bravas baterem nas rochas, não ouço o que dizem, mas sinto-as . Deixo-me levar pelo meu instinto , os olhos nao se abrem e guio-me pelos sons. Sinto-me perto das ondas bruscas, subi para a rocha . Não sinto os pés , apenas me faz confusao o contacto com a constituiçao aspra da rocha. Vou cair, é o mar da mágoa e as ondas da solidão que me arrastarão para qualquer lugar.
Estou a ir, com a maré.

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é o sentir , o querer , o sonhar. é o escrever, voz muda em pensamento eterno. Viver !