domingo, 19 de abril de 2009

Ainda

Ainda sonho contigo, velejando neste oceano. Sinto as ondas, tão fortes e decisivas embaterem no meu pequeno barco, ainda restaurado de mágoas, que teima em encontrar a rota. Perdi-me no teu cais, aparentemente um verdadeiro porto seguro, nunca imaginei que se tornasse o que tornou. Que me cortasses a corda , a que ao teu cais me prendia . Quando a cortas-te , manso e sereno , por passos agéis e impensáveis, eu dormia. Ainda agarrada a palavras, ainda presa ao teu coração. Achei que estavas tão preso a mim , como eu estava a ti. E o meu pensamento voava, o meu pensamento gritava , o meu pensamento era feito de ti. Debaixo da pequena cama deste barco, não haviam monstros, os medos tinham mergulhado na água e foram parar a rios , nos quais todos os remoinhos os levaram e eu estava em paz. Esperava a tua preparação , para partirmos juntos na nossa rota, para navegarmos juntos por palavras, por magias. Mas tu (...) Tu preparas-te-te, mas não para aquilo que as tuas palavras prometiam, mas não para aquilo que o teu coração fingia dizer-me . Preparas-te-te, para me cortar a segurança , e fizes-te-o . O sonho em que vivi, tornou-se então um pesadelo. As minhas velas , feitas do teu carinho, foram ficando mais envelhecidas, meros trapos do destino. E as flores, que semeas-te , idealizando um mastro, murcharam. E esta noite, eu estou aqui. Deitada nesta cama, deixando-me levar pela maré , os monstros assombram-me e ainda sonho contigo, presa a lágrimas. Ainda sonho contigo, recheada de mágoas. Ainda sonho contigo, ainda sonho que tudo não fosse um medo, um pequeno pesadelo e daqui a pouco talvez acorde e ainda esteja presa a ti . Mas eu, nunca estive presa a ti, como tu estives-te a mim.

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