sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Outro abrigo


É como se fosses assim, a imagem que o vidro separa de mim . Toco-te por ele, mas já não te sinto. Este vidro, é tão transparente, e mesmo assim tu não me vês . Ou finges que não vês (...) Este vidro é tão fino e tu, não o queres partir . E fico a olhar-te partir, abandonas-me . Começas a caminhar sem mim, o vidro ficou entre-aberto e mesmo assim, tu partis-te, sem hesitar. Não olhas-te para trás . Deixas-te dentro do vidro, as memórias, os sonhos, os afectos , as palavras que agora me pergunto se foram sinceras. E partis-te , vezes sem conta. Preferis-te outros braços para te segurar, e deixas-te os meus. Preferis-te outras mãos para te amparar, e partis-te as minhas. Preferis-te outro sorriso para te animar e eu perdi o meu . Preferis-te outro abrigo, e o meu ficou com um lugar vazio, o teu lugar. Agora, desejo-te boa estadia, e ainda te vejo caminhar feliz pelo meu vidro, mas tu já não me vês . E quando me vês, finges que nada sou, que nada importo. Finges que não existo , que nunca existi. Se um dia, voltares para trás , pousares a tua mão pelo vidro, onde em criança desenhamos juntos o coração eu vou sobrepor a minha do lado de dentro, e juntos vamos partir este vidro que nos separa. Mas se não olhares, então desejo-te boa sorte, para a tua estadia , seja em que abrigo for . Então desejo-te força, para não abandonares mais vidros, e não matares mais sorrisos. Então desejo-te muita sorte, para que nunca te façam o que tu me fizes-te, abandonar. E então, se um dia to fizerem, eu vou sobrepor a minha mão sobre este vidro, sobre o nosso coração e sem que te apercebas vou-te amparar, e estar atenta a todas as tuas quedas.

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