quarta-feira, 29 de julho de 2009

vidas



um dia , por não poderes saber, perguntas-te-me de que cor era o céu , e como era quando o sol a ele se entregava. Eu, sem saber o que dizer, olhei-o e disse-te para olhares na sua direcção, sei que não o vias, estás impossibilitado de o fazer por árduos acidentes da vida. e tu, na tua incompreensão perguntas-te-me como o irias ver, e eu disse-te :
- por vezes, não é preciso ver, é preciso ouvir o que o coração sente. e quando eu olho o céu, o azul do céu e o sol a ele se entregar o meu coração fica em paz, sente a paz e é feliz.

calados na voz


deixem-nos falar,
são meninos dispostos a amar.
deixem-nos poder saborear uma noz,
pois estes são os meninos calados na voz.




o dia continuava a passar, as escolas viraram a cada momento o campo de batalha menos esperado. Eles ali estavam, calados nas suas vozes ! Pequenos meninos, que queriam gritar, chorar, mas ninguém os deixava. Tornaram-se os sacos de boxe da sociedade, os meninos calados na voz.
Criaram-lhes alcunhas, fizeram deles o que quizeram, marionetas, espantalhos, pássaros sem asas que apenas só queriam voar livremente pelos seus. Os seus rostos eram inundados de dor, o silencio era a sua casa, o seu refúgio perante um olhar assustado.
Muitos , não queriam ir á escola, outros passavam os intrevalos fechados nas casas-de-banho, outros arranjavam desculpas para fugir, meteram-se em caminhos de revolta e ainda houveram aqueles que não aguentaram e se entregaram á voz do silêncio de vez .
Ninguém agia, será que não sabiam? Ou fingiam não saber (...) O problema é que tudo ali se passava, num cenário escolar. E não devia ser a escola, um lugar seguro? Devia, mas nem sempre o é, muitas das vezes é na escola que as guerras começam , que a humilhação dá a cara.
Penso que todos nós, fomos humilhados, pelo menos uma vez, fomos motivos de troça. Será que contamos a alguém? Praticamente, ninguém conta, e nós mesmos fomos desses meninos, meninos calados na voz. Não devia ser premitido, deixar passar a descriminação a exclusão, para dentro da escola. Tudo isso, pelo menos devia ficar por de trás das grades, para que num período de aulas , houvesse um porto-seguro. Mas, e do exterior ? Quem toma conta? Tantas vezes assisti a ''esperas'' a alunos que saiam das aulas, e rastejaram pelo chão da dor. Por vezes pergunto-me onde estamos. Em que mundo vivemos ! É normal chegarmos a um ponto da nossa vida que tudo nos revolta, mas isto não só me revolta como me preocupa. Porque a pressão que criam a estes meninos, torna-se arrasadora ...
O que fazer ? Não sei, mas pelo menos não ser um menino calado na voz.
Quero eu dizer, deixar que a voz se solte, e que aqueles que os calam, que os maltratam, humilham, usam, que se ponham por momentos na posição deles .

para sentirem a dor, que causam aos outros, inocentes.

búzio


por vezes, procuramos sem encontrar
mas será que tem haver com procurar?
porque eu quando menos esperei
um búzio encontrei.




caminhava sobre a areia, repleta de oferendas do mar, e sem reparar, algo calquei. Era uma pequena pedra transparente, não fiz caso, havia tantas pelo areal. Mas , ao olhá-la, o meu olhar fugiu e foi ali que a encontrei, um búzio. Tinha letras cravadas, ''praia em mim'' , li baixinho. Não era um búzio qualquer, era um búzio mágico. Coloquei-o ao ouvido, ouvi o mar, fechei os olhos, e o sussuro terno de uma voz, a textos recitar ! Textos, mas que textos!
Eram belos e serenos, palavras vindas do mar. Do fundo do mar.
Eram lá que eram guardados os maiores segredos! O fundo do mar, era o mundo escondido de todos os puros corações, e foi lá que te fui encontrar. As palavras que escreves-te em ti, eram como se fossem o mais belo cd de música, onde nele estão gravadas as maiores composições do artista. E sim, o búzio que encontrei é o resguardo da pureza e serenidade que um aglumerado de textos pode dar. Búzio, que de leve me recitou á alma, me encantou o coração. E ali estava um búzio. Guardei-o, para que a ele o possa sempre visitar, e que todos aqueles que nunca um búzio encontraram, tenho o gosto de saber o que significa este pequeno retrato que fiz.
É que para um búzio, nem sempre há as palavras certas, mas corre-nos pela alma, um encantamento do mar, como se ao som das palavras, os nossos olhos as vissem a escrever, e entrassemos no mar, e chegassemos ás suas profundidades parecendo que da margem nunca tivessemos saído. Porque um búzio, é magia, fechas os olhos e pode ser qualquer hora do dia.
O poder das palavras, é mais forte que o tempo,
e este búzio, é mais forte que o vento
porque nos leva, para qualquer momento
ao som do mar, com a escrita do coração.

eu


Procuro-me sem saber
o que sou ou o que tenciono ser
não me importa se o mundo não mover
apenas que um coração saiba ter.



O recorte ao céu que o passado fez, não foi tão perfeito como a vida esperava. De rosto fino e traçado , sou naufrágio do mar, tantas vezes sem nele chegar a entrar . O meu olfato é protegido por um véu, tão redondo e espesso . Seus céus não são estrelas, apenas restos da tristura da vida. Quantas vezes sou mar, rio e oceano .Outras, sol intenso. Com os meus frageis e pequenos dedos vou vendo e o que ás íris se sobrepõe , não são nuvens, nem pétalas , apenas traços negros que sairam de um papel! Pontas afiadas , de uma lança qualquer. A gota de chuva, cai sobre o rosto, predendo-se no vermelho empalidecido por venenos . Enrugados pela passagem de feridas, ternos e inocentes. Tantas vezes secos e benuvulentes. O meu corpo é frágil, talvez como o cale de uma rosa, ainda com espinhos que a vida deixou. Olho-me ao espelho, e quem sou eu ? Fecho os olhos, não quero saber do que demonstro pelos passos que dou . Importa-me sim, o que sou também na escuridão. Sou rocha tantas vezes que acabo em mágoa escondida. Sou semente, ainda inocente, que tantas vezes lançam e não regam , que tantas vezes regam e arrancam. Sou também marioneta da vida, onde brincam e manipulam , onde programam e usofruem. Sou ponte incerto e decante. Por vezes sou vida e tornam morte, quantas vezes sou sorriso e mo cortam. Por vezes penso que sou erro, virtude e até defeito .
Abro os olhos, posso ser tudo e nada.
Mas mesmo assim não sei quem sou.

terça-feira, 28 de julho de 2009

amor

procuro definições do indefínivel,
amor tão puro,
que ao olhar, é invisível.



procuro-te, já te tendo encontrado, mas procuro-te. vivo contigo, mas não te sei definir, vivo por ti, sinto , é díficil exprimir. vivo contigo, e quero continuar, mas não consigo dizer, entre em mim, por favor, e vê o que sinto, é tão grande e intenso, tão profundo e pacífico, que o confunderia com o céu, com os anjos, com o paraíso.

Escrevo-te, mais uma vez, e não me canso de o fazer. Tenho o quarto coberto a folhas, a cartas de amor por enviar, desabafos sem olhar, sorrisos por trocar. Tenho os pés descalços , os olhos cobertos de lágrimas e tu . Tu estás por todo o lado, e o meu coração está recheado de ti. Pergunta-me do que falo, e a única palavra que te direi é ''amor''. Dizem que nunca poderemos saber o que é, quando somos novos para a vida ser dura, mas eu sei o que é, e sou nova e a vida não é dura, mas não é mole. Fecho os olhos, muitas vezes, para o tempo passar. E ouço o relógio, sempre a falar, cada vez mais baixo, mais lento, o tempo teima em não passar. E ganho saudades, logo quando chega a hora da despedida. Ganho saudades, e tive-te ali, a um passo. Se eu podesse, era a dona do tempo, será que ele tem dono? Quero tê-lo, não explora-lo, não ridiculariza-lo, mas quero tê-lo, por ti. Quero tê-lo ! Sinto-me com medo, muitas vezes, do amanhã. E do ontem, tenho-o sempre . E as lágrimas caem-me sem eu saber, as brisas correm sem eu querer, e os meus cabelos fogem do tempo, voam ao tempo, e tu não estás aqui. Quero correr pelo tempo, alcançar-te e parar, parar contigo, gritar ''parem o tempo'' ou simplesmente, silenciem a minha voz, e leiam o meu olhar , ''parem o tempo, por favor, parem o tempo''. É díficil, a distância crua combater, e muitas vezes sinto-me fraca. Sinto-me sem saber o que vai acontecer, sem saber o que aconteceu, e sinto-me a cair. Queria encontrar a distância, sem que ela estivesse próxima de mim, e por momentos, encontrei-a. Quando lhe tentei tocar, de olhos fechados, ela afastou-se. Por momentos, viu que a minha curiosidade para falar com ela, era maior que todo o medo. Ela fugiu, abriu a janela e as minhas cortinas dançaram com o vento, saltei da cama, corri para a varanda, e vi-a pousada numa nuvem, começou a chover, apenas percebi que ela tem medo de nos atacar, e por isso fugiu, porque apenas nos conseguiu fortaleceu. Quando dei por mim, só te quiz dizer:


O meu maior porto-seguro, és tu.

promessas


não passaram de promessas, as palavras que dissemos á lua, ás estrelas . É estranho. Como tudo passou tão rápido, tão rápido que nem eu senti o vento levar-te de mim. Talvez tenha sido o melhor, talvez a palavra amigo, fosse só isso. Mais uma palavra. Para mim, era mais que isso. Era sentida, era verdadeira, e fazia tudo por ti. Pela nossa amizade. Perdoei-te, quando podia ter-te virado as costas. Quando podia ter-te deixado sozinho, mas não, dei-te a mão e levantei-te. E tu? Apostas-te a nossa amizade. Fizeste-me ''xeque-mate'' sem eu saber. Dói mesmo falar disto, dói saber disto . Para ti, não passei de um objecto a destruir , no teu jogo de xadrez atribulado. Quizes-te mover-te mais depressa que eu, mas eu nem sabia que estava em jogo. Acreditei na nossa amizade, mas tu fizeste-me desacreditar de tudo. Quando te virei as costas, não viste, era só a peça de jogo que lá estava, não era eu. No final de tudo, disses-te que eu tinha acabado, que eu para ti já não era nada, mas repara, eu desisti de jogar há muito mais tempo que o ultimo adeus, porque o que eu queria, não eram apostas nem jogos, era só, a tua amizade.
Há coisas, demasiado estranhas .



e as lágrimas da saudades, nunca afundam um amor, clarificam-lhe a sua mais bela cor.

adeus

toquei a ultima sinfonia, quiz fazer da tua despedida, magia. agora vai-te embora, já me matas-te o suficiente, já me destruis-te, mais do que devia premitir. vai-te embora, e quando fores, deixa as chaves, deixa as minhas pautas, deixa os meus timbres, vai-te embora, porque quando fores, eu não te deixarei entrar mais. e se para ti, acabei, ainda bem. para mim já acabas-te á tempo demais.

todos


todos lá passam.
poucos são os que nele param.
no jardim alcatroado.
da rua de baixo á esquina.
todos lá passam.

vão de leve, cantando.
uns riem outros choram.
uns cantam outros dançam.
mas nenhuns se olham
e todos lá passam.

vão á chuva e ao sol.
morenos e claros.
vão de noite e de dia.
pela sombra ou pela luz,
todos lá passam.

uns chocam e recuam.
outros andam e não olham.
quem são eles ?
são aqueles,
aqueles que lá passam.

ninguém se olha,
por medo.
medo da igualdade.
o ser humando é tão igual.
não se nota?
todos lá passam.

apressados e com calma,
correm e recuam.
de todas as idades,
muitos acenam-se
mas ninguém se guarda
e todos lá passam.

construi um banco,
sentei-me e lá passei
mas aquele sítio guardei.
todos lá passam, não paravam
porque não se sentavam
ainda hoje...
todos lá passam.
mas todos, sou eu
e tudo o que idealizei,
sobre a diferença .

de todos nunca lá passarem.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

jeitos




jeito puro de amar, é o atirar pedras ao ar e os medos derrubar.

domingo, 26 de julho de 2009

partida


vamos embora, quero tirar um bilhete só de ida, com uma mala de lembranças. quero deixar de ter saudades, deixar de ter vontade de ficar. quero agir e partir ! vejo a linha do horizonte, aguardo a noite e vejo a lua pousar-se nela, anseio chegar até ela, poder estar lá, e tudo ver, mas que ninguém me veja ... anseio ir-me embora, sem querer olhar para trás, sem ter esperança disso. Falam de sermos dos melhores amigos, mas nas alturas em que nos sentimos parados, agarrados aos joelhos no canto do quarto, ninguém nos vem buscar, ou os que vêm, não são aqueles que nós fomos buscar. nunca fui buscar ninguém pedindo consolo em troca, mas sempre que me vêm buscar, guardo no coração e tento ser a lua e ver os seus apelos. quiz criar o bem, esquecendo-me de mim. Gostamos sempre de por os outros em primeiro, e nós? vemos que realmente o valor que nos atribuem não é das primeiras categorias das suas vidas, já vi pessoas gostarem mais de roupas do que de amigos. Hoje aprendi que posso confiar em mim, mas que mais ninguém me será tão fiel como eu mesma. Saberei lidar com o dia-a-dia, sozinha. Sem ser preciso teatros, ou marionetas. Sem ser preciso fantasmas ou anedotas. Sem ser preciso mais ninguém, é mau demais sentirmo-nos usados. Usados pelos amigos, pela vida ... é mau demais. Sinto a ferida a doer, mas não a vejo, por isso não a posso tratar. Não sei que parte me afectou, mas sei que o fez, não sei se foi um tiro, um seta, não sei o que foi. Mas sei que veio da força das palavras, aquelas que se transformam pelo caminho, e estas foram bruscas de mais. Quero-me ir embora, sem ter esperança para voltar, quero um bilhete só de ida, sem dar a morada a ninguém, sem me localizar, desligar-me do mundo , estar pronta para voar.

ausência


atirei a bola ao cão, uma ultima vez, não tive força para mais, o suor era o meu rosto, suor não daquele de quem corre, mas de quem passou o dia a correr lágrimas. pergunto-me imensas vezes onde está com quem corri, onde a penhascos bolas fui buscar, terei sido eu o animal deles?
Houve quem em mim se equilibra-se, mas quando fui eu a cair, nem sempre me deram a mão, muitas vezes gritaram-me para me levantar, não por gostarem de me ver erguida, mas porque sempre os ergui. Tantas vezes, fujo e refujo. Tantas vezes caio e não me levanto. Mas muitas vezes são as vezes que choro, sem saber, sem olhar, sem ver. E poucos são os que conhecem os timbres da minha voz, dispostos a ajudar-me, a levantar-me, a beijar-me a testa e a dizer:
-estou contigo, hoje és o mais importante.

desilusão


achamos que os nossos jardins estão sempre bonitos, prontos a ser confiados , tratados e amados. quando damos por nós, é só exterior, porque interiomente , apodreceram sem nós darmos conta e estão a destruir aos poucos, cada jardim.

sábado, 25 de julho de 2009

coração


é o desenhar desembaraçado de um amor,
por todo o lado.
é o querer
e não perceber,
é o desejar mais que o bem-estar
e o imaginar projectos imparáveis,
do tempo,
para o tempo,
durante imenso tempo.
é o precisar,
não conseguir sem ele estar.
é o abraçar,
o sentir,
o gostar,
o viciar,
o encantar!
é tentar e não encontrar,
respostas sobre o amar.
só se sente,
não se descreve,
porque quem o conseguir,
é só quem não sentiu na totalidade,
o amor,
a chama,
a fatilidade,
de ter medo de perder,
por um amor,
viver.
perdes-te as mais belas evoluções do meu jardim,
abandonas-te-me , sem creres em mim .
foram as lágrimas que em mim crias-te,
aquelas que com a tua partida derramas-te.

foram essas lágrimas que mataram
a secura do meu jardim,
com elas todas as flores desabrucharam
e hoje tem uma beleza sem fim.

será

será que um dia nos vamos reencontrar ? o dia caiu, e estás sobre o canto superior direito da tua vida, eu calada, refugio-me no mais inferior da minha . sou coberta por cortinas de cetim , aquelas que a nossa cabeça cria para nos privar do confronto com o mundo, escondo-me debaixo da cama, não quero abrir a porta, estou tão bem aqui. mas ás vezes, pergunto-me onde estás, nos dias em que mais preciso do teu abraço. A chuva gela-me o quarto, nem me parecem os dias de verão quente, de calor ardente, mas sem ti, o meu mundo perdeu a cor, o jeito e o sentido . Perdeu as frescas primaveras, os belos rastos de verão.
será que um dia nos vamos reencontrar amigo?

perdições


acendi velas pela casa, casa que formei com o que gosto. As folhas, escritas a caneta de ponta fina preta, perderam-se pelo chão, cobrindo-o de branco . As luzes, deram um ar outonal. Realçaram-se as paredes vermelhas do coração, fechei os olhos e precisei de estar sozinha, quando os abri, encontrei caminhos, decisões, mas nunca soube qual o seguir. Vi que o que fiz no passado, me influência o presente, e que todo o meu futuro, voltará a ser parte do meu passado. Nem sempre sei se o que descubro é o mais certo para alinhar o meu caminho, fortalecer as minhas bases, mas sinto que o que tenho hoje, é aquilo que me dá vontade de aumentar amanhã.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

existências

há sempre uma lágrima que fica presa, por já não ter mais onde cair .

incompreensível

Porquê que consoante o tempo passa as pessoas tem de partir da nossa vida? Sem darmos conta, ou sendo mais específica, temendo-o tanto, que ele acaba por acontecer, ele acaba por chegar e nos levar. O medo bate-nos á porta, tentamos fingir que ninguém tocou, que ninguém tentou entrar. Fingimos que ele não está lá, e sempre que partias eu escutava atrás da porta, com o ouvido sobreposto na dura madeira, mas nunca tive coragem de abrir , nunca tive coragem suficiente para falar com ele, para o mandar embora. Imaginei o impossível, e tu não tinhas culpa. Um dia, após tantas noites em vão a ouvir o medo, cheguei a casa, tinha um papel amachucado sobre a mesa. Era uma carta do medo, ele deixára de me bater á porta, e foi bater á tua. Nunca imaginei que não resistisses aos seus ataques e no silêncio me deixasses, e todas as noites voltei a tentar escuta-lo. Mas por de trás da minha porta, só encontrei a solidão e a saudade , o vazio e as noites cruas e densas. Não te encontrei, nem a ti , nem ao medo. Por isso, escrevi-vos uma carta, sei que partis-te, que o medo finalmente mudou de rumo, mas não me contei com isso. Preferia ter vivido a escutar o medo, a poder sentir os teus lábios, que a ficar sem ti, que a ficar sem o medo. Com o tempo fui entendendo, escrevendo cartas, escutando a solidão, a saudade, a noite. Até que num dia de tempestade , em que elas se encostaram de tal modo á minha porta, que decidi abri-la, vazia , voltei a fecha-la, mas não entrei. Fiquei lá fora, levei cobertores e cobri-vos . O que vocês precisavam era que eu vos visse, que me chocasse com a vossa textura. E ao cobrir-vos , ao acompanhar-vos, percebi que vos transformei no contrário ao que eram.

vezes

foram tantas as vezes que fugi, que um dia sem notar queria ficar e fugi por viciada estar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

marinheiro

vazio,
tão de leve sombrio.
fraco inacabado,
de um estado desolado.

levantou-se,
sem se querer precipitar,
debroçou-se ,
com intenção de pela água velejar.

marinheiro,
de água salgada.
companheiro,
da mais doce água interiorizada.

era ele,
que ali estava empenhado,
sim, naquele,
navio naufragado, sem nunca no mar, ter viajado

actualidade

todo o tempo foi passando, nós pela inocência continuamos a caminhar. Nunca nos achamos suficientemente preparados para conseguir avançar, para voltar a recomeçar uma nova fase do zero, mas também nunca nos sentimos suficientemente preparados para avançar para outra nova fase . E vivemos descontentes daquilo que já por demasia temos, sem o valorizar apenas estamos insatisfeitos com aquilo que nos rodeia . O nosso mundo, é criado a exigências, entre essas, perdem-se os valores, os sentimentos, os amigos, a família. Perdemos aquilo que deviamos ter valorizado, vivemos num mundo de etiquetas, de modas, de futilidades, de aparências, os verdadeiros valores vão sendo perdidos pelo tempo, pelo avanço dos dias... nós perdemo-nos com eles, já não nos reconhecemos, não sabemos dar valor a coisas que para outras pessoas, antigas no que toca ao nosso ideal criado por olhares exteriores. Os que mais sofrem são aqueles que foram excluídos deste mundo, destas barreiras que criamos. e valerá a pena? não . O mundo, a vida, é muito mais que uma tela bem pintada, bonita, mas que não tem história, sentimento, ou caminho a seguir.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

o sombrio, vazio


continua á deriva,
o meu baloiço pela vida.
deixa com que me sinta viva,
mas eu não fui , ainda lida !
continua parado,
tantas vezes olhado.
eis o meu baloiço da vida,
onde pouso a história, pronta para ser lida!